Deu no L’Indepéndant: “Finalmente, um efeito positivo no confinamento: o planeta está respirando novamente e retomando seus direitos. Algumas fábricas fecharam, o transporte diminuiu, os seres humanos confinados… uma enorme crise de saúde como o Coronavírus foi necessária para forçar os humanos a parar os maus-tratos ao planeta. As primeiras imagens vêm da China, o primeiro país atingido pela pandemia e onde a população ficou confinada por mais de um mês. A Nasa informou que as emissões de dióxido de nitrogênio na região de Wuhan, epicentro da pandemia, caíram de 10 a 30% entre 1° de fevereiro e 25 de fevereiro de 2020, em comparação com as estatísticas encontradas no mesmo período de 2019. […] Da mesma forma, o mapa publicado pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostra uma forte queda no dióxido de nitrogênio no norte da Itália desde o início de janeiro de 2020. As concentrações médias de NO2 em Milão caíram de cerca de 65 mg/m3 (em janeiro) a 35 mg/m3 (durante a primeira semana de março), de acordo com pesquisas da Copernicus. […] No terceiro porto do país, na Sardenha, em Cagliari, onde 30 milhões de mercadorias passam a cada ano, os golfinhos estão mais uma vez se aproximando das costas que agora estão desertas. […] Quanto a Veneza, também conhecida por ser uma das cidades turísticas mais poluídas, as águas dos canais finalmente recuperam sua clareza e estão desprovidas de todos os resíduos e partículas acinzentadas. Peixes, cisnes e outros pássaros aproveitam essa pausa para, finalmente, respirar.”
E o artigo termina assim: “Esperemos que essas observações […] façam a população e os climato-céticos refletir sobre o papel do homem no planeta, e que atos virtuosos se desenvolvam em larga escala quando cada um de nós apreciar redescobrir o ar fresco do nosso campo.”
Em entrevista recente, concedida ao La Stampa, o papa Francisco, quando lhe foi perguntado sobre os efeitos da crise, respondeu que ela terá sido útil “para recordar aos homens e mulheres, de uma vez por todas, que a humanidade é uma única comunidade. E como é importante, decisiva a fraternidade universal. Devemos pensar que será um pouco um pós-guerra. Não haverá mais ‘o outro’, mas seremos ‘nós’. Porque só poderemos sair desta situação todos juntos. […] Deveremos […] construir uma verdadeira fraternidade entre nós. Fazer memória desta difícil experiência vivida todos juntos.”
Aprender com a experiência e nos unirmos para o bem comum. Esse será o discurso daqui para a frente. O ECOmenismo (assista ao vídeo abaixo para entender o que é isso) deverá ganhar grande impulso com as evidências de despoluição verificadas durante o confinamento humano. Mas o desafio de recuperar uma economia que deverá estar em frangalhos – num tipo de pós-guerra, como disse Francisco – também será enorme. Assim, ao mesmo tempo que precisaremos “salvar o planeta”, deveremos também salvar nossos bolsos. E uma ótima forma de fazer isso é promovendo o “confinamento” por apenas um dia, a fim de que se possa trabalhar nos outros seis.
Essa proposta não é nova. O papa Francisco tem falado disso faz anos. Ela apenas poderá ganhar novo impulso e mais atenção. E se alguns não quiserem colaborar? Veja só o que a revista Rolling Stone publicou no dia 21 de março:
“O Departamento de Justiça de Trump pediu ao Congresso a elaboração de legislação que permita aos juízes principais manter indefinidamente as pessoas sem julgamento e suspender outros direitos constitucionalmente protegidos durante o coronavírus e outras emergências, de acordo com um relatório de Betsy Woodruff Swan. Embora as solicitações do Departamento de Justiça provavelmente não se concretizem com uma Casa de Representantes controlada democraticamente, elas demonstram o quanto essa Casa Branca tem uma desconsideração assustadora dos direitos enumerados na Constituição. […] Norman L. Reimer, diretor executivo da Associação Nacional de Advogados de Defesa Criminal, [disse que] ‘isso significa que você pode ser preso e nunca levado a um juiz até que ele decida que a emergência ou a desobediência civil acabou’.”
Enquanto as palavras de uma besta são suaves e conciliadoras (como devem ser), as da outra besta soam mais como as de um “dragão” (como deverão ser). Incentivadas, convencidas e/ou forçadas por esses dois poderes, as pessoas vão aderir à proposta e apoiar os esforços (assim como aceitaram tranquilamente ser expulsas pela polícia das praias e dos bares, por exemplo). Os contrários serão ainda mais considerados “fundamentalistas” inimigos do bem comum. Se quiser entender melhor isso tudo, estude Apocalipse 13 (este livro também pode ajudar).
A verdade é que esta pandemia está servindo de laboratório, de ensaio para muitas ações que poderão se tornar rotina no mundo pós-crise. Em tempos assim, as liberdades individuais e mesmo a liberdade religiosa são seriamente ameaçadas (os templos foram fechados com um decreto), e com o consentimento dos cidadãos amedrontados, movidos pelo instinto de rebanho. Em tempos assim, o fluxo normal da vida cessa e as pessoas ficam como que suspensas e – esse é o lado bom – mais abertas para ouvir sobre temas “transcendentais”. Portanto, aproveitemos o momento para falar de esperança, da salvação, da volta de Jesus como solução definitiva para as mazelas humanas. Vamos dar o sonido certo à trombeta e não ecoar os ruídos desconexos do sensacionalismo infundado e do mero alarmismo passageiro.
Li isto recentemente: “Dormimos em um mundo e acordamos em outro. De repente, Disney não tem mais a magia, Paris já não é mais romântica, e quem tem boca não pode ir a Roma; em Nova Iorque, todos dormem, e a muralha da China não é fortaleza. De repente, não mais que de repente, abraços e beijos tornam-se armas, e não visitar os pais e avós torna-se um ato de amor. De repente se descobriu que o poder não tem tanto valor e que o dinheiro não tem tanto poder” (autor desconhecido).
É a pura verdade. Que as pessoas descubram que só existe esperança em Deus. E que de repente, muito em breve, possamos ver no céu o sinal do Filho do homem.
Michelson Borges